Com a difusão da informação, a expectativa é de redução da cesárea na rede pública e privada
Wedja Santos – Ascom MESM
A Maternidade Escola Santa Mônica realiza nesta quinta-feira (18), das 19h30 às 21h30, no auditório da maternidade, atualização do protocolo de preenchimento do Partograma, instrumento que tem como objetivo avaliar se o parto tem ou não a indicação de cesariana. O evento é voltado para enfermeiras e médicos obstetras da maternidade.
De acordo com o obstetra Telmo Henrique, o Ministério da Saúde já trabalha a necessidade de redução de cesárea na rede pública há algum tempo. No entanto, ele reforça que a exigência de redução desses índices por parte da Agência Nacional de Saúde (ANS) aos planos de saúde chega num momento extremamente oportuno, no qual a mulher também está informada sobre os benefícios do parto normal e riscos da cesárea.
Questionado sobre os motivos atuais que levam os profissionais a optarem pela cesárea, Telmo descartou os preços pagos pelos procedimentos, afirmando que a diferença não influencia em nada, e salienta que o tempo é uma das motivações, pois enquanto o procedimento cirúrgico dura em torno de uma hora, o normal demanda de 6 a 12 horas. “Com a exigência de preenchimento do formulário de partograma em todos os partos, deverá ocorrer a redução dos índices de cesárias”, constatou.
Outro fator apontado pelo obstetra para estimular o parto normal é a criação de mecanismos de acesso à informação através do qual a mulher ficará sabendo o número de cesáreas realizadas pelos profissionais e pelas unidades hospitalares. “A ANS está certa em querer apenas que a gente se adeque aos índices de cesárias dos países desenvolvidos, como França ou Inglaterra, onde o índice de cesárea chega a 15% ou 20%, enquanto no Brasil chegamos a mais de 90%”, afirmou.
Outro fator importante ao comparar os dois tipos de parto é o risco de intercorrências. O parto normal tem menos risco para mulher, que sangra menos e se recupera melhor, e para os recém-nascidos, que vão muito menos para o berçário do que após a cesárea. Além disso, as crianças que nascem de parto normal desencadeiam um sistema imunológico melhor, o que influencia na vida adulta.
Para Telmo, a melhor opção é sempre seguir a natureza. “O parto normal é um ato fisiológico. Não é um ato médico. Do mesmo jeito que a gente olha, come ou faz as necessidades, engravida e o bebê nasce”, explicou.
Em contrapartida o obstetra salienta que a cesárea tem maior índice de sangramento e de complicações em gravidez posterior. “É preciso entender que a cesárea deve ser vista como uma cirurgia salvadora. E, portanto, só deve ser realizada quando tiver a indicação precisa para salvar a mãe ou o feto, e não por comodidade médica ou da paciente”, explicou.
O ideal é que as gestantes tanto da rede pública como do plano de saúde façam o pré-natal com o médico e tenha uma continuidade dos cuidados durante o parto, no hospital, de forma humanizada e com boa assistência. “A gente espera reduzir o número de cesárias e com isso melhorar os resultados maternos e perinatais, ou seja, menos mortes materna e fetal”, finalizou.