Mãe laqueada há 14 anos desconfiou de gestação após enjoo; situação extra útero só foi descoberta no 6º mês
Wedja Santos – Ascom MESM
Da descoberta da gestação até a realização do parto/laparotomia na Maternidade Escola Santa Mônica (MESM) “foi uma evolução da alegria para a depressão”. Assim Rosilene Bezerra de Lima, 40 anos, define sua gestação abdominal de 7 meses de duração, que culminou com a cirurgia realizada no último dia 30 de junho e o nascimento de Pedro Felipe, com 2,01 quilos.
De acordo com Robério Garbini, obstetra responsável pela equipe, a gravidez abdominal é um caso raro e corresponde a uma variação dos casos de gravidez ectópica (fora do útero). Para se ter ideia, a incidência de parto abdominal varia entre 1 caso para cada 10 mil gestações até 1 caso para cada 30 mil gestações.
Ainda mais raro do que esse tipo de gestação é a evolução da mesma para um parto a termo, ou seja, um período considerado adequado para o nascimento. O mais comum nesses casos, explicou o médico, é a alta taxa de morbidade materna e fetal, devido à dificuldade de diagnóstico, especialmente quando a gestação já está em estado mais avançado, que foi o caso de Rosilene.
Garbini salientou que para realização do parto precisou reunir uma equipe formada por cirurgião geral, médico obstetra, pediatra neonatologista, além da equipe de enfermagem. “Esses casos são raríssimos. Garantimos à paciente todo o aparato que ela e seu bebê precisariam, pois não sabíamos o que encontraríamos. Ele foi gerado acima do útero e da bexiga, entre as alças do intestino. A equipe ficou muito feliz com êxito da cirurgia e pelo fato de Rosilene e seu bebê não terem tido nenhum comprometimento em decorrência da gestação abdominal”, explicou Garbini.
Evolução da gravidez
Rosilene relatou que já tinha quatro filhos e que tinha feito laqueadura há 14 anos, quando o filho caçula nasceu. “Procurei o médico porque minha menstruação estava atrasada e eu sentia muito enjoo, e ele desconfiou de menopausa. O tempo foi passando e o enjoo continuava daí eu fiz o teste e deu positivo. Mesmo sem esperar, com esse susto veio a alegria”, lembrou.
Quando já estava com 6 meses de gestação veio o grande susto. Ao fazer a ultrassonografia solicitada os médicos acusaram falta de líquido, diagnóstico que se repetiu também num segundo exame. “Ele se admirou e passou a terceira ultrassonografia. Resolvi fazer em Arapiraca. Foi quando o doutor disse que meu bebê estava fora do útero e que eu deveria tirar o bebê no dia seguinte. Desse susto eu peguei depressão porque todo mundo dizia que eu podia morrer, mas meu marido disse que ia ficar tudo bem, pois se Deus me deu é porque eu suportaria”, disse.
Após ser encaminhada para Maceió, Rosilene foi levada para a Santa Mônica por se tratar de gravidez de risco. “Dessa vez eu não fiquei. Voltei pra casa porque estava muito nervosa e a pressão subiu.
Rosilene foi encaminhada para a Santa Mônica no dia 23 de junho. Na ocasião a equipe médica optou por conduta que visava maior amadurecimento fetal, com corticoide para amadurecimento dos pulmões. No dia 30 foi realizada a laparotomia. “A equipe me tranquilizou o tempo todo. Eu tive medo o tempo todo, agora, estou muito feliz porque meu filho é uma prova de vida”, disse.
Dois dias após o nascimento de Pedro Felipe, Rosilene está bem e já acompanha seu desenvolvimento na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). De acordo com a equipe pediátrica seu quadro enquanto bebê prematuro é considerado estável.