Fortalecer a rede de apoio é fundamental para auxiliar no tratamento das puérperas
Em geral, quando pensamos no momento do nascimento de um bebê, remetemos a renovação da vida, da esperança ou ainda a um momento de extrema alegria. Entretanto, todas as atenções voltam-se para o bebê e a idealização e até mesmo romantização deste momento provoca, mesmo que de forma intrínseca, uma situação de cobrança e alta exigência social para as mães que buscam, muitas vezes, a inatingível perfeição e podem se sentir mal em admitir qualquer frustração ou sintoma.
Na fase do puerpério (após o parto), esses ‘sintomas’ podem ser mais intensos e provocar a chamada depressão pós-parto. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão pós-parto atinge cerca de 25% das mães. Ou seja, uma a cada quatro mulheres apresentam sintomas de depressão no período de 6 a 18 meses após o nascimento do bebê.
De acordo com Renata Perches, psicoterapeuta e pediatra da MESM, o puerpério é uma fase em que as mães passam por muitas mudanças físicas, hormonais e emocionais que se refletem em toda rotina de vida. “Nesse período, as mulheres experimentam um misto de sentimentos, que vão desde a alegria e entusiasmo, pela chegada do bebê, até a ansiedade e o medo, inclusive pelas cobranças e novas responsabilidades”, lembrou Renata.
A médica acrescenta ainda que, em média, 80% das puérperas podem apresentar a disforia pós-parto, conhecida como blues puerperal ou baby blues. Os sintomas, que surgem desde os primeiros dias após o parto até o máximo de duas semanas, incluem choro fácil e mudanças de humor, que vão da irritabilidade até uma discreta euforia. “No entanto, quando os sintomas ultrapassam esse período e aumentam sua intensidade, começamos a pensar em depressão pós-parto”, disse Renata e complementou “Nesses casos é muito importante fortalecer a rede de apoio da puérpera, ajudar com as atividades diárias e nos cuidados com o bebê, além de oferecer suporte médico e psicológico e atentar para a piora ou prolongamento dos sintomas. Procurar assistência médica é fundamental, o quanto mais precoce, melhor”.
Na depressão pós-parto, a mulher pode apresentar sintomas como tristeza, perda de prazer e interesse nas atividades, alteração de apetite ou sono, agitação ou lentificação psicomotora, sensação de fadiga, sentimento de inutilidade ou culpa, dificuldade de concentração ou de tomada de decisões e até pensamentos de morte. A médica lembra ainda dos casos de psicose puerperal que é menos frequente, porém de maior gravidade tanto para mãe, quanto para o bebê, e requer tratamento imediato. “Dentre os sintomas da psicose puerperal estão o humor instável, discurso acelerado, agitação, insônia, comportamento desorganizado, confusão, delírios e até alucinações”, concluiu Renata.